quarta-feira, outubro 19, 2005

"O a ver se te avias"

Esta expressão nasceu a partir de determinadas situações da nossa vida em que somos confrontados com o precessamento rápido de informação. Nestas situações temos que acelerar o nosso desempenho, com o intuito de realizar uma tarefa no mais rápido tempo possível.
O verbo aviar tem como sinónimos despachar algo, realizar uma tarefa no menor período de tempo possível. Normalmente, este verbo é usado nas merciarias (expl.:"ó da loja, venha-me aviar").

Situação onde se encontra esta expressão:

Um camião carregado de tabaco teve um acidente grave e fica com a carga espalhada pelo chão, o condutor desmaiou. Param dois carros comerciais ao lado e surge o dialogo:
- Xau laura, isto é só volumes de tabaco! - diz o condutor numero um, muito excitado.
- Vou enxer o carro até não haver espaços vazios! - diz o outro condutor.
- Vamos lá embora. Isto é o a ver se te avias, ó amigo! Dá prós dois.

"Coçar a micose"

"Andas o dia inteirinho a coçar a micose!"
Este mundo está repleto de pessoas, umas trabalham em grandes cidades, outras são exploradas por pessoas sem escrúplos, há até pessoas que ainda caçam animais para sobreviver mas, também existe outro tipo de pessoas que não nasceram para fazer muito na vida, para ser mais exacto são pessoas que estão no bem bom e de lá não querem sair. Pois é, mas estar no bem bom nem sempre é a melhor opção, pois poderá trazer à tona doençar como a micose. Doença esta que tem grande preferência pelo escroto, por miúdos, no saco dos (dois) berlindes que temos debaixo do "zezinho". Como a micose provoca comichão o seu portador tem a tendência para, digamos, aliviar a coceira. Foi assim que nasceu esta célebre expressão, que por nós é tanto usada.

quarta-feira, junho 22, 2005

"Arrear o calhau"

Desde muito pequenos que nós somos ensinados a defecar/obrar/fazer cocó na sanita porque parece mal fazermos este serviço nas calças ou no meio da sala de jantar em pleno baptizado do irmão mais novo, como se isso fosse má educação.

Vou passar a explicar o que é o cocó:
O cocó é normalmente chamado (numa linguagem mais rude) de "cagalhão" . Pois é, quis Deus que este cagalhão cheirasse mal e fosse castanho para não o podermos deixar em qualquer sítio. Um olhar mais promenorizado sobre este esterco humano revela-nos dados muito interessantes, um dos quais é de que esta substância é compacta, logo, pesada.

Estando um indivíduo com o cólen cheio cocó, surge por vezer uma sensação de peso. Pesadas são também as pedras e calhaus que encontramos por aí. Foi deste fenómeno intestinal que nasceu o "arrear o calhau". Com esta expressão suavizamos a expressão "cagar", que é muito feia, pois a sua utilização demonstra falta de educação, segundo pessoas ditas educadas.

Outra possível, e mais correcta, explicação da origem desta expressão poderá ser que devido facto de nem sempre ter existido papel higiénico era frequente procurar-se uma pedra lisa (calhau) para que após a defecação se pudesse limpar o real traseiro. Após o acto de limpeza (evidentemente pouco eficiente) atirava-se a pedra para longe. Daí vem o termo Arrear (atirar) o calhau. (Esta versão foi nos cedida pelo Daniel Lopes)

Exemplo de utilização:

Filomeno: "Onde vais? Estás-te a esquivar do trabalho?"
Rosário: "Não. Vou só arrear o calhau e já venho."

"Passar pelas brasas"

Muitas vezes, durante a época mais quente do ano, o chamado Verão, as pessoas sentam-se no sofá para ver um filme, ouvir uma música, ler uma revista, ou simplesmente para não estar a fazer nenhum. É aqui que estas pessoas passam a estar sob o efeito de relaxamento, o que poderá, porventura, levar ao fechar dos olhos. Isto tudo também com a ajuda do João Pestana.

Há uma terra que fica perto da aldeia de Santíssimo Sacramento mesmo antes de virar para a Rabeta da Serra. Nesse mesmo lugar segue, para a serra, um caminho de cabras, visivelmente pouco frequentado. Percorrendo este, chegamos à fonte do Cabreiro (onde "o pastor" matava a sede e por vezes onde o mesmo esgalhava um pessegueiro ou dois, dependendo da hidratação do corpo) onde nos deparamos com duas cortadas exactamente no mesmo sítio e exactamente para o mesmo lado. Tomando a segunda cortada (do caminho de cabras) vamos ter ao lugar mais fértil desta região, onde o pastor ia "arrear o calhau".

Isto que se passou em cima foi uma experiência de "passar pelas brasas" em que se adormece sem dar conta e, neste caso, ter um sonho.

sexta-feira, maio 27, 2005

"Dia de S. Nunca à tarde..."

Antes de mais, olá :)

Dei bastantes voltas à cabeça para decidir qual a minha primeira adição a este blog, e acabei por escolher a mítica expressão do "Dia de S. Nunca à tarde...". Porquê? Não sei...

Ora bem, dia de S. Nunca... a origem desta piadinha remonta ao passado longíquo, um passado onde a malta da altura curtia de santos. E tanto curtia de santos que em vez de usarem um calendário normal guiavam-se pelos dias dos santos. Como alguns poderão saber, os 365 dias do ano têm, cada um, um santo correspondente, pessoalmente se algum dia chegar a ser santo, quero ser o do dia 366, trabalhar de 4 em 4 anos e tal... bom, adiante. Guiando-se por esse calendário, não raras eram as vezes ao nascer uma criança lhe era dado o nome do santo desse dia, por outro lado também era frequente darem-se nomes aos eventos consoante o dia do santo em que se realizavam.. e muitos mais eram os usos dados aos nomes dos pobres santos.
Portanto, posto isto, é fácil de adivinhar como terá surgido essa expressão do dia de S. Nunca; quando alguém quer dizer que jamais algo irá acontecer, diz que esse algo acontecerá no dia de S. Nunca (para os menos ligados a esta coisa dos santos, este santo *não* existe), se por ventura a isso se acrescentar "à tarde" é sinal que ainda mais difícil será de acontecer.

Exemplo:

Chefe: Eh pá oh Cesaltino esse relatório que te mandei fazer há já uma semana? Quando é que o tenho na minha secretária?
Cesaltino: Oh chefe, dia de S. Nunca à tarde... eh eh eh
Chefe: Muito engraçado. Estás despedido!
Cesaltino: *glup*

(Sim.. por vezes corre mal. Aconselho cuidado no uso desta expressão!)

domingo, maio 22, 2005

"Mudar a água aos tremoços"

O tremoço é, para os mais ignorantes, um aperitivo muito apreciado pelo rapaz, rapariga, homem ou mulher que gostem de beber umas súrvias ("bjecas"). Se repararem, os tremoços são servidos húmidos, e isto acontece não porque o sr que os serviu urinou pra cima deles, desengane-se quem pensa assim. Os tremoços vêm naquele estado porque acabam de vir de uma bacia com água. Pois é, ficaram surpreendidos, não é? O tremoço precisa de ser demolhado, assim como o bacalhau. A água deve ser trocada, visto que estes se podem estragar correndo um grave risco de serem deitados no caixote do lixo ou mesmo num estômago menos atento.

Assim como a água do tremoço tem de ser mudada também o nosso organismo precisa de mudar a água que nele existe. Devido a esse facto, somos confrontados a várias idas às casas-de-banho ou então sítios onde o sol ou a luz não pões os olhos. Sim, é isso que vocês tão a pensar, é para ir urinar (mijar, para os mais ignorantes).

Em tons de conclusão o nosso corpo não passa de uma bacia de água cheia de orgãos. E, para que estes não apodereçam a água tem de ser mudada. É aqui que entra a nossa expressão.

Situação do quotidiano que utiliza esta expressão:

Roberto: "Como é Esdrúbal, vamos prá aula?"
Esdrúbal: "Sim, claro. É só ir mudar a água aos tremoços e já vamos."

"Chegar a roupa ao pêlo"

Para quem não sabe, o Homem é um descendente de um ser semelhante ao macaco. Ora, se analisarmos bem a estrutura de um macaco deparamo-nos com muitos pêlos. Estes pêlos são essenciais para o macaco, na medida em que lhes cobrem a pele evitando assim que o mesmo possa apanhar muito frio, causado pelos invernos gelantes, ou então câncro da pele, causado pelos verões escaldantes.
Com a evolução o Homem foi perdendo esses pêlos e passou a usar roupa, que tinha a mesma função dos pêlos.

Não sei se algum dia já andou à bofetada com alguém, mas se sim concerteza lembra-se daqueles murros no bucho (o abdomen). O que sucede é que quando o punho é enviado para o abdomen, normalmente, atinge primeiro a roupa que, devido à violência do embate, fica mais em contacto com a pele.

Fazendo assim um apanhado geral concluímos que esta expressão é utilizada quando queremos dar uma tareia a alguém que, numa determinada altura, se assemelha a um macaco ranhoso que nos mete nojo como o raio.

Exemplos reais que utilizam a expressão:

Giló: "O artolas do Raúl anda-se a meter com a minha mulher!"
Armindo: "Eu se fosse a ti chegava-lhe a roupa ao pelo, para esse macaco da m**da aprender que na mulher aleia não se mete a pestana."

segunda-feira, maio 16, 2005

"Não passas da cepa torta"

Para quem não sabe, um cepa é algo que se assemelha a um pequeno arbusto e é deste arbusto que provem a deliciosa e sucolenta uva. É a este arbusto, de cerca de 1 metro e meio de altura, que o deus Baco (todo poderoso) deve a sua importância no Monte Olimpo, junto aos restantes deuses. Além de pouco alta, esta planta tem também um tronco muito invulgar. Este é bastante torto e rugoso. Tem semelhanças com a casca de um côco.

Com todas estas características, chegamos à conclusão que a cepa não é uma planta muito bonita visualmente (apesar do seu fruto ser imensamente apreciado), por isso, ao usarmos a expressão acima indicada, estamos a passar por osmose as caraterísticas do arbusto para a pessoa para quem esta frase é dirigida caso essa pessoa não tente mudar a situação em que se encontra.

Exemplo onde surge esta expressão:

Mãe do Albertino: "Ó Berto, nunca te vejo a estudar! O que tu queres fazer da tua vida?"
Albertino: "Ó mãe, agora tamos na Queima, não é tempo de estudar."
Mãe do Albertino: "Se não te pões a estudar não passas da cepa torta rapaz!!"

"Cortar o mal pela raíz"

Num passado próximo, em que o Homem, para sobreviver, tinha que plantar os seus alimentos havia um determinado tipo de vegetação, designado por "ervas daninhas", ervas essas que não era comestíveis. Para além de não serem comestíveis consumiam muitos sais minerais e água existentes no solo, provocando assim a sub-nutrição de outros tipos de vegetação essenciais à alimentação do Homem. Para que esta "erva daninha" não continuásse a crescer tinhas que ser arrancada/cortada pela raíz. Era assim que o sr. Agricultor se livrava desta maldita planta.

Juntando todas as peças do puzzle chegamos à conclusão que a "erva daninha" era a personificação do mal, e daí nasceu a célebre expressão: "Cortar o mal pela raíz"

Exemplo de uma situação onde a expressão é usada:

Rui: "Este João Dos Castores deve-me para cima dos 500 euros!"
Carlos: "Isso comigo não ficava assim..."
Rui: "Pois é, tem que se cortar o mal pela raíz!"

(Neste caso a expressão refere-se a uma grande sova ou mesmo à possível morte do João Dos Castores)

quarta-feira, maio 11, 2005

"Pxitó pá"

Esta expressão pode ser usada para captar a atenção de um determinado indivíduo desatento. Podem surgir casos em que a expressão seja utilizada para chamar a atenção sobre o indivíduo que a pronunciou com a intenção de mostrar camaradagem. Há também registo da utilização desta expressão para iniciar um diálogo ou mesmo um piropo.

Normalmente, é pronunciado por pessoas ligadas ao campo ou mesmo por gente que ergue edifícios (os chamados "pedreiros"). Casualmente, poderá haver um jovem, amante das belas artes da fala, que utilize esta expressão para fins lúdicos.

Exemplos:

"Pxitó pá, olha só para aquela gaja boa!"
"Pxitó pá, como vai a tua vidinha, seu merdas?"
"Pxitó pá, tens cá uns olhões!"