sexta-feira, maio 27, 2005

"Dia de S. Nunca à tarde..."

Antes de mais, olá :)

Dei bastantes voltas à cabeça para decidir qual a minha primeira adição a este blog, e acabei por escolher a mítica expressão do "Dia de S. Nunca à tarde...". Porquê? Não sei...

Ora bem, dia de S. Nunca... a origem desta piadinha remonta ao passado longíquo, um passado onde a malta da altura curtia de santos. E tanto curtia de santos que em vez de usarem um calendário normal guiavam-se pelos dias dos santos. Como alguns poderão saber, os 365 dias do ano têm, cada um, um santo correspondente, pessoalmente se algum dia chegar a ser santo, quero ser o do dia 366, trabalhar de 4 em 4 anos e tal... bom, adiante. Guiando-se por esse calendário, não raras eram as vezes ao nascer uma criança lhe era dado o nome do santo desse dia, por outro lado também era frequente darem-se nomes aos eventos consoante o dia do santo em que se realizavam.. e muitos mais eram os usos dados aos nomes dos pobres santos.
Portanto, posto isto, é fácil de adivinhar como terá surgido essa expressão do dia de S. Nunca; quando alguém quer dizer que jamais algo irá acontecer, diz que esse algo acontecerá no dia de S. Nunca (para os menos ligados a esta coisa dos santos, este santo *não* existe), se por ventura a isso se acrescentar "à tarde" é sinal que ainda mais difícil será de acontecer.

Exemplo:

Chefe: Eh pá oh Cesaltino esse relatório que te mandei fazer há já uma semana? Quando é que o tenho na minha secretária?
Cesaltino: Oh chefe, dia de S. Nunca à tarde... eh eh eh
Chefe: Muito engraçado. Estás despedido!
Cesaltino: *glup*

(Sim.. por vezes corre mal. Aconselho cuidado no uso desta expressão!)

domingo, maio 22, 2005

"Mudar a água aos tremoços"

O tremoço é, para os mais ignorantes, um aperitivo muito apreciado pelo rapaz, rapariga, homem ou mulher que gostem de beber umas súrvias ("bjecas"). Se repararem, os tremoços são servidos húmidos, e isto acontece não porque o sr que os serviu urinou pra cima deles, desengane-se quem pensa assim. Os tremoços vêm naquele estado porque acabam de vir de uma bacia com água. Pois é, ficaram surpreendidos, não é? O tremoço precisa de ser demolhado, assim como o bacalhau. A água deve ser trocada, visto que estes se podem estragar correndo um grave risco de serem deitados no caixote do lixo ou mesmo num estômago menos atento.

Assim como a água do tremoço tem de ser mudada também o nosso organismo precisa de mudar a água que nele existe. Devido a esse facto, somos confrontados a várias idas às casas-de-banho ou então sítios onde o sol ou a luz não pões os olhos. Sim, é isso que vocês tão a pensar, é para ir urinar (mijar, para os mais ignorantes).

Em tons de conclusão o nosso corpo não passa de uma bacia de água cheia de orgãos. E, para que estes não apodereçam a água tem de ser mudada. É aqui que entra a nossa expressão.

Situação do quotidiano que utiliza esta expressão:

Roberto: "Como é Esdrúbal, vamos prá aula?"
Esdrúbal: "Sim, claro. É só ir mudar a água aos tremoços e já vamos."

"Chegar a roupa ao pêlo"

Para quem não sabe, o Homem é um descendente de um ser semelhante ao macaco. Ora, se analisarmos bem a estrutura de um macaco deparamo-nos com muitos pêlos. Estes pêlos são essenciais para o macaco, na medida em que lhes cobrem a pele evitando assim que o mesmo possa apanhar muito frio, causado pelos invernos gelantes, ou então câncro da pele, causado pelos verões escaldantes.
Com a evolução o Homem foi perdendo esses pêlos e passou a usar roupa, que tinha a mesma função dos pêlos.

Não sei se algum dia já andou à bofetada com alguém, mas se sim concerteza lembra-se daqueles murros no bucho (o abdomen). O que sucede é que quando o punho é enviado para o abdomen, normalmente, atinge primeiro a roupa que, devido à violência do embate, fica mais em contacto com a pele.

Fazendo assim um apanhado geral concluímos que esta expressão é utilizada quando queremos dar uma tareia a alguém que, numa determinada altura, se assemelha a um macaco ranhoso que nos mete nojo como o raio.

Exemplos reais que utilizam a expressão:

Giló: "O artolas do Raúl anda-se a meter com a minha mulher!"
Armindo: "Eu se fosse a ti chegava-lhe a roupa ao pelo, para esse macaco da m**da aprender que na mulher aleia não se mete a pestana."

segunda-feira, maio 16, 2005

"Não passas da cepa torta"

Para quem não sabe, um cepa é algo que se assemelha a um pequeno arbusto e é deste arbusto que provem a deliciosa e sucolenta uva. É a este arbusto, de cerca de 1 metro e meio de altura, que o deus Baco (todo poderoso) deve a sua importância no Monte Olimpo, junto aos restantes deuses. Além de pouco alta, esta planta tem também um tronco muito invulgar. Este é bastante torto e rugoso. Tem semelhanças com a casca de um côco.

Com todas estas características, chegamos à conclusão que a cepa não é uma planta muito bonita visualmente (apesar do seu fruto ser imensamente apreciado), por isso, ao usarmos a expressão acima indicada, estamos a passar por osmose as caraterísticas do arbusto para a pessoa para quem esta frase é dirigida caso essa pessoa não tente mudar a situação em que se encontra.

Exemplo onde surge esta expressão:

Mãe do Albertino: "Ó Berto, nunca te vejo a estudar! O que tu queres fazer da tua vida?"
Albertino: "Ó mãe, agora tamos na Queima, não é tempo de estudar."
Mãe do Albertino: "Se não te pões a estudar não passas da cepa torta rapaz!!"

"Cortar o mal pela raíz"

Num passado próximo, em que o Homem, para sobreviver, tinha que plantar os seus alimentos havia um determinado tipo de vegetação, designado por "ervas daninhas", ervas essas que não era comestíveis. Para além de não serem comestíveis consumiam muitos sais minerais e água existentes no solo, provocando assim a sub-nutrição de outros tipos de vegetação essenciais à alimentação do Homem. Para que esta "erva daninha" não continuásse a crescer tinhas que ser arrancada/cortada pela raíz. Era assim que o sr. Agricultor se livrava desta maldita planta.

Juntando todas as peças do puzzle chegamos à conclusão que a "erva daninha" era a personificação do mal, e daí nasceu a célebre expressão: "Cortar o mal pela raíz"

Exemplo de uma situação onde a expressão é usada:

Rui: "Este João Dos Castores deve-me para cima dos 500 euros!"
Carlos: "Isso comigo não ficava assim..."
Rui: "Pois é, tem que se cortar o mal pela raíz!"

(Neste caso a expressão refere-se a uma grande sova ou mesmo à possível morte do João Dos Castores)

quarta-feira, maio 11, 2005

"Pxitó pá"

Esta expressão pode ser usada para captar a atenção de um determinado indivíduo desatento. Podem surgir casos em que a expressão seja utilizada para chamar a atenção sobre o indivíduo que a pronunciou com a intenção de mostrar camaradagem. Há também registo da utilização desta expressão para iniciar um diálogo ou mesmo um piropo.

Normalmente, é pronunciado por pessoas ligadas ao campo ou mesmo por gente que ergue edifícios (os chamados "pedreiros"). Casualmente, poderá haver um jovem, amante das belas artes da fala, que utilize esta expressão para fins lúdicos.

Exemplos:

"Pxitó pá, olha só para aquela gaja boa!"
"Pxitó pá, como vai a tua vidinha, seu merdas?"
"Pxitó pá, tens cá uns olhões!"