quarta-feira, junho 22, 2005

"Arrear o calhau"

Desde muito pequenos que nós somos ensinados a defecar/obrar/fazer cocó na sanita porque parece mal fazermos este serviço nas calças ou no meio da sala de jantar em pleno baptizado do irmão mais novo, como se isso fosse má educação.

Vou passar a explicar o que é o cocó:
O cocó é normalmente chamado (numa linguagem mais rude) de "cagalhão" . Pois é, quis Deus que este cagalhão cheirasse mal e fosse castanho para não o podermos deixar em qualquer sítio. Um olhar mais promenorizado sobre este esterco humano revela-nos dados muito interessantes, um dos quais é de que esta substância é compacta, logo, pesada.

Estando um indivíduo com o cólen cheio cocó, surge por vezer uma sensação de peso. Pesadas são também as pedras e calhaus que encontramos por aí. Foi deste fenómeno intestinal que nasceu o "arrear o calhau". Com esta expressão suavizamos a expressão "cagar", que é muito feia, pois a sua utilização demonstra falta de educação, segundo pessoas ditas educadas.

Outra possível, e mais correcta, explicação da origem desta expressão poderá ser que devido facto de nem sempre ter existido papel higiénico era frequente procurar-se uma pedra lisa (calhau) para que após a defecação se pudesse limpar o real traseiro. Após o acto de limpeza (evidentemente pouco eficiente) atirava-se a pedra para longe. Daí vem o termo Arrear (atirar) o calhau. (Esta versão foi nos cedida pelo Daniel Lopes)

Exemplo de utilização:

Filomeno: "Onde vais? Estás-te a esquivar do trabalho?"
Rosário: "Não. Vou só arrear o calhau e já venho."

"Passar pelas brasas"

Muitas vezes, durante a época mais quente do ano, o chamado Verão, as pessoas sentam-se no sofá para ver um filme, ouvir uma música, ler uma revista, ou simplesmente para não estar a fazer nenhum. É aqui que estas pessoas passam a estar sob o efeito de relaxamento, o que poderá, porventura, levar ao fechar dos olhos. Isto tudo também com a ajuda do João Pestana.

Há uma terra que fica perto da aldeia de Santíssimo Sacramento mesmo antes de virar para a Rabeta da Serra. Nesse mesmo lugar segue, para a serra, um caminho de cabras, visivelmente pouco frequentado. Percorrendo este, chegamos à fonte do Cabreiro (onde "o pastor" matava a sede e por vezes onde o mesmo esgalhava um pessegueiro ou dois, dependendo da hidratação do corpo) onde nos deparamos com duas cortadas exactamente no mesmo sítio e exactamente para o mesmo lado. Tomando a segunda cortada (do caminho de cabras) vamos ter ao lugar mais fértil desta região, onde o pastor ia "arrear o calhau".

Isto que se passou em cima foi uma experiência de "passar pelas brasas" em que se adormece sem dar conta e, neste caso, ter um sonho.